sexta-feira, 3 de outubro de 2014

3 EM - Leitura - Claude Lefort

Oi, pessoal!

Este texto que separei para vocês é um artigo do professor Luciano sobre o conceito de democracia em Lefort. Para refrescar a memória de vocês e aprofundar ainda mais nossa discussão que tem sido feita em sala.

A democracia lefortiana parte de um princípio para além da identidade, ela impulsiona a postura conflitiva do poder e da divisão social e por isso pode sempre impedir totalitarismo. Lembrem-se: a invenção democrática é justamente o traço tênue que separa um governo democrático de um governo totalitário.


Vou deixar um trecho do texto aqui:

"Mas o que haveria de novo no que dizia Lefort? (...) Nas reflexões que em seguida fazia sobre o significado político de uma sociedade que acolhe os direitos do homem como seu fundamento, Lefort revelava-se um autor nada convencional, e sua visão da democracia, desconcertante para o senso comum.   

A propósito das Declarações e da base em que se assentam, diz ele: “Um novo ancoradouro é fixado: o homem. E fixado, além disso, em virtude de uma Constituição escrita: o direito encontra-se categoricamente estabelecido na natureza do homem, uma natureza presente em cada indivíduo. Mas que ancoradouro é esse?” É aqui onde começam os problemas: tão logo fazemos um esforço no sentido de pensar empiricamente o que é esse homem, verificamos que essa imagem se esvanece. O próprio Lefort se põe a questão: “Se julgamos que há direitos inerentes à natureza humana podemos economizar uma definição daquilo que é próprio do homem?” E prudentemente esquiva-se de propor tal definição, observando que, “sem dúvida, a resposta se esconderia.” “Ora – continua Lefort –, a idéia de homem sem determinação não se dissocia da [idéia] do indeterminável. Os direitos do homem reenviam o direito a um fundamento que, a despeito de sua denominação, não tem figura”. Essa indeterminação, além disso, percorre também outras tantas figuras míticas como Sociedade, Povo, Nação – que são, nas democracias, “entidades indefiníveis”. Ou, dizendo de uma maneira mais exata, a sua “definição” está sempre sujeita ao questionamento, num debate público que é sem fim." 


Percebam como agora o indeterminado não mais procura sua determinação, na Democracia, as figuras de poder e de direito abrem-se como campos sempre a serem definidos, mas que se frustram porque estão sempre em construção.

Veja o texto completo aqui.

Espero que gostem da provocação e boa leitura!

Prof Caio

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